domingo, 30 de setembro de 2012

Reciclagem de embalagens Longa Vida

Reciclagem de embalagens Longa Vida


A embalagem cartonada (conhecida também por longa vida), criada na década de 1970, trouxe enormes benefícios à sociedade, que pode armazenar alimentos por um longo período de tempo sem que os mesmos apodrecessem. Benéfica do ponto de vista logístico – foi adotada em larga escala para armazenar toda sorte de alimentos e bebidas imagináveis -, no entanto, tornou-se um grande problema ambiental: é um composto de papel, plástico e alumínio humanamente inseparável, o que impede sua reciclagem integral.

Verdade seja dita: o papel é facilmente extraído do composto, o problema está justamente na separação do plástico e o alumínio. Os cientistas levaram décadas para, só então em 2007, descobrirem uma solução viável para a separação destes elementos: o plasma.

  Comercialmente falando, tive conhecimento da técnica de reciclagem da embalagem longa vida pelo método de Plasma em 2005, quando uma empresa do interior de São Paulo ofereceu para venda, uma parafina derivada deste processo. Na época eu estava procurando uma solução para o preço da parafina que comprava, e este material caiu no meu colo no momento certo. Foi aí que fiquei fascinada pelo processo e pela solução que dava ao problema do acúmulo de lixo...e claro, ao preço alto que pagava pela parafina.    
 

Reciclagem  
A primeira etapa do processo de separação deve iniciar de qualquer maneira na parte da remoção do papel.  A reciclagem das fibras e do plástico/alumínio que compõem a embalagem começa nas fábricas de papel, em um equipamento chamado "hidrapulper", semelhante a um liquidificador gigante.

Hidrapulper - Início do processo
Hidrapulper - Final do processo


Durante a agitação do material com água e sem produtos químicos, as fibras são hidratadas, separando-se das camadas de plástico/alumínio. Em seguida, essas fibras são lavadas e purificadas e podem ser usadas para a produção de papel utilizado na confecção de caixas de papelão, tubetes ou na produção de material gráfico.

 
Reciclagem de longa vida
Celso Monteiro
Depois de passar pelo hidrapulper, surge este material.


Uma opção em relação ao composto plástico/alumínio, é a utilização deste material reciclado por meio de processos de secagem, trituração, extrusão e injeção. Ao final, esse material é usado para produzir peças plásticas como cabos de pá, vassouras, coletores e outros.

Outro processo de reciclagem permite que o plástico com alumínio seja triturado e prensado a quente, transformando-se em uma chapa semelhante ao compensado de madeira que pode ser usada na fabricação de divisórias, móveis, pequenas peças decorativas e telhas. Esses materiais têm grande aplicação na indústria de construção civil.


O que restou da embalagem de tetrapack
Celso Monteiro
Produto final da reciclagem de embalagem longa vida

A reciclagem por plasma


Até 2007, das cerca de 160 mil toneladas descartadas anualmente, apenas 25% eram direcionadas para um processo de reciclagem parcial, que separa o papel dos demais elementos (plástico e alumínio).

O material remanescente, plástico e alumínio grudados, em sua grande maioria era destinado a aterros sanitários, sendo apenas uma pequena parte aproveitado por fábricas de telhas que o utilizava como matéria-prima.
A solução para a reciclagem da embalagem cartonada, à despeito de tudo o que já havia sido tentado, no entanto, estava incompleta. Foi então que, no ano de 2007, quatro empresas consorciadas inauguraram a primeira fábrica de reciclagem completa destas embalagens, na cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, utilizando a tecnologia do plasma.

O consórcio era formado pelas empresas TSL, de engenharia ambiental; Alcoa, produtora de alumínio; Klabin, produtora de papel, e Tetra Pak, fabricante de embalagens cartonadas.

Com investimentos da ordem de R$ 12 milhões - e sete anos de pesquisa e desenvolvimento - a capacidade de processamento da fábrica é de 8 mil toneladas de plástico e alumínio por ano, equivalente a cerca de 32 milhões de toneladas de embalagens longa vida (20% do total consumido no Brasil).

No processo de separação pelo plasma, o material remanescente da separação do papel da embalagem cartonada – o composto de plástico e alumínio – é introduzido em fardos dentro do reator de plasma térmico. Induzido pelo gás argônio, o plasma é lançado por uma tocha sobre o material por alguns poucos minutos a uma temperatura média de 15.000 °C.

As moléculas de plástico vão se quebrando em cadeias moleculares menores, evapora e condensa em uma outra câmara, na qual é retirada em forma de parafina, que é vendida para a indústria petroquímica.

O alumínio, por sua vez, é derretido pelo plasma e recuperado em lingotes (barras). A própria indústria de alumínio recompra o material e o emprega novamente em embalagens.


parafina
lingote de alumínio



A quantidade de alumínio que pode ser obtida no processo a plasma térmico é função da quantidade disponível no material na entrada, ou seja, quanto menos agressiva é a limpeza na fábrica de papel, evitando-se a quebra e o arrancamento do filme de alumínio, maiores serão os rendimentos no processo de recuperação do alumínio. Os resultados obtidos em planta piloto estão entre 15 e 20% de alumínio. A quantidade de fibra na entrada do reator também interfere no processo, sendo necessário que se tenha uma planta de extração de fibras antes do reator a plasma para eliminar o residual que não foi extraído na fábrica de papel. 


Fontes:

Celso Monteiro.  "HowStuffWorks - Como funciona a reciclagem da embalagem longa vida".  Publicado em 14 de fevereiro de 2008  (atualizado em 28 de novembro de 2008)
http://ambiente.hsw.uol.com.br/reciclagem-longa-vida1.htm  (acesso em 14 de setembro de 2012)

Site de Portugal

 Roda de reciclagem

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