sábado, 15 de setembro de 2012

Biocombustíveis Celulósicos


Biocombustíveis Celulósicos


De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o ano de 2011 se encerrou com prognósticos nada favoráveis à implementação mundial em larga escala de biocombustíveis obtidos por processos tecnológicos disruptivos ou matérias-primas de usos menos nobres, os chamados biocombustíveis avançados.

No âmbito internacional, os Estados Unidos, país que possui as metas mais ambiciosas para este segmento, revisaram, por meio de uma nota da EPA (
Environmental Protection Agency), as previsões de produção para o etanol lignocelulósico em 2012, o principal combustível de segunda geração proposto no EISA. Os volumes de combustíveis renováveis avançados esperados para 2012 seguem sem otimismos: do 1,9 bilhão de litros projetados, estima-se uma produção em torno somente de 32 milhões, apenas quatro milhões de litros a mais do que o produzido em 2011.

No Brasil, embora a grande disponibilidade de matéria-prima represente uma oportunidade para o desenvolvimento de combustíveis celulósicos, poucos foram os investimentos nessas tecnologias no último ano. Destacam-se as iniciativas de empresas como o CTC e a Novozymes, que planejam tornar o etanol produzido a partir do bagaço de cana viável industrial e economicamente dentro de alguns anos, além do edital do Plano Conjunto BNDES-FINEP de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico – PAISS, lançado em 2011, que prevê o desembolso de até um bilhão de reais para o desenvolvimento do setor.
Estima-se que, com essa iniciativa governamental, o cenário atual mude e essas
tecnologias tornem-se comercialmente viáveis no médio prazo.

Um estudo realizado pelo BNDES, procurou mapear e avaliar as principais iniciativas do
governo brasileiro no que diz respeito a PD&I de biocombustíveis celulósicos, ou de
segunda geração, sempre tendo como pano de fundo a comparação com os principais esforços em andamento nos EUA e na União Européia (UE).

Pela sua compatibilidade com o sistema veicular atual, os biocombustíveis apresentam significativo potencial no combate ao aquecimento global. Contudo, para que os efeitos positivos gerados na redução dos GEE (gases de efeito etufa) não sejam compensados por possíveis impactos negativos, como a maior pressão sobre a cobertura florestal nativa ou mesmo o aumento do preço dos alimentos, é necessário que novas técnicas sejam desenvolvidas para que se aumente a eficiência da produção dos biocombustíveis.

Em razão disso, está em curso uma corrida tecnológica internacional para o desenvolvimento de novas rotas de conversão mais produtivas e, assim, poupadoras de recursos naturais. Dentre tais rotas, destacam-se aquelas capazes de utilizar resíduos lignocelulósicos para produção de etanol e aquelas que geram combustíveis com maior conteúdo energético
a partir das matérias-primas correntemente utilizadas.
Os EUA e a UE sobressaem pela enorme alocação de investimento público para o desenvolvimento dessas novas tecnologias. Ao todo, estima-se que, entre 2000 e 2013, os programas europeus e norte-americanos destinarão cerca de US$ 5 bilhoes para PD&I em biocombustíveis. Os resultados alcancados até o momento, contudo, são pouco significativos, pois das 18 plantas em operacao em ambas as regiões, apenas uma pode ser considerada
em escala acima da piloto.


O Brasil, por outro lado, apresenta orçamento bem mais tímido e, além disso, sua capacidade de coordenar a aplicação dos recursos necessita de aprimoramento. Apesar disso, ao contrário dos EUA e da UE e em razão da produtividade agrícola da cana-de-açúcar, o país não tem como desafio a identificação de uma biomassa economicamente competitiva, exigindo menor monta de investimentos. A rede de postos de servicos e a cultura
de uso do etanol são outros pontos favoráveis ao país.
A análise comparada da atual corrida tecnológica mostra que, superadas suas principais fraquezas, o esforço brasileiro pode ser mais bem-sucedido. Dadas as vantagens oferecidas pela biomassa da cana-de-açúcar, esse esforço pode ultrapassar os programas europeus e norte-americanos que, apesar do considerável volume de recursos investidos, ainda tem pouco a comemorar quanto às tecnologias efetivamente desenvolvidas.

Enfim, como este estudo procurou demonstrar, por meio de um programa de fomento coordenado, o Brasil tem mais chances de desenvolver o etanol de segunda geração e ainda avancar em outras três vertentes: o uso da cana-de-açúcar como matéria-prima para produtos de maior valor agregado; a valorizacao dos subprodutos da cana, especialmente a palha e o bagaço; e o desenvolvimento de novas aplicações para o etanol, como insumo para indústrias e processos.



Fonte: BNDES
A corrida tecnológica pelos biocombustíveis de segunda geração: uma perspectiva comparada
Diego Nyko
Jorge Luiz Faria Garcia
Artur Yabe Milanez
Fabricio Brollo Dunham

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