terça-feira, 2 de outubro de 2012

Solventes "verdes"


De acordo com os 12 princípios da Química Verde, a utilização de substâncias auxiliares, como solventes, agentes de purificação e secantes, precisa ser evitada ao máximo; quando inevitável a sua utilização, estas substâncias devem ser inócuas ou facilmente reutilizadas.

Solvente é toda substância que é utilizada para a dispersão de outra substância em seu meio. Muitas indústrias também os utilizam para baratear suas fórmulas e diminuir a atuação de seus produtos.

Os solventes, no meio ambiente, muitas vezes, se associam a substâncias já existentes na natureza, ocasionando assim o surgimento de um novo composto que, muitas vezes, é muito pior do que a solução original que foi descartada no meio ambiente. Pesquisas em andamento visam à criação de auxiliares mais seguros que, no caso, iriam prejudicar menos o meio ambiente quando forem descartados.

Por sua grande aplicação industrial, devemos considerar os efeitos dos solventes no meio ambiente e no ser humano. Por isso, a investigação de substâncias alternativas é de suma importância.


SOLVENTES VERDES

Já existem solventes alternativos e o seu desenvolvimento ao longo dos anos vêm sendo estimulado por alguns processos listados abaixo:
  • Necessidade de desenvolver novas rotas sintéticas com menor impacto ambiental
  • Substituição dos solventes para eliminar as emissões de compostos orgânicos voláteis (VOC's), baixar ou eliminar toxicidade e inflamabilidade
  • Uso de matérias-primas renováveis
  • Uso de reagentes seguros para reduzir o impacto sobre o meio ambiente e a exposição humana a produtos químicos perigosos
  • Uso de novas tecnologias mais sustentáveis
A utilização destas técnicas permitem eliminar ou reduzir o uso de produtos tóxicos persistentes nas sínteses químicas, o número de etapas nos processos produtivos e o número de toneladas de resíduos por produto comercializado.

Nos setores de refino de petróleo, Química básica, Química Fina ou em produtos formulados, o uso de VOC's é generalizado. A substituição de solventes deste tipo por solventes "verdes" evitariam os problemas de exposição dos funcionárioas en plantas químicas e o risco de incêndios tanto nas plantas de produção bem como no transporte.  

Os compostos orgânicos voláteis (VOC's) são também uma causa massiva de poluição atmosférica. Eles são emitidos a partir de tintas, combustíveis, aerosóis, solventes e produtos de limpeza entre muitos outros. O mercado de solventes global continua a crescer ainda sem controle, e isso representa um sério perigo ambiental. Além do mais, a maioria dos solventes são derivados petroquímicos, fazendo-os insustentáveis ao londo da cadeia.

A substituição por solventes verdes e bio-limpadores nas plantas e indústria química, é importante e possui um potencial de reduzir dramaticamente as emissões de VOC's na atmosfera. Além disso, são sustentáveis. 

Alguns exemplos de solventes "verdes" incluem: Éster metílico de soja e vegetais, esteres lácticos, D-limonene, lactato de etila e etanol. 

Algumas aplicações industriais incluem: indústria de tintas, pigmentos, limpadores de rolos de impressoras, solventes para tintas de impressão, aplicação de pesticidas e outros produtos de agricultura e reciclagem de plástico. São amplamente utilizados ainda, na própria indústria química, nos processos de síntese, em laboratórios, em processos de cristalização, entre outros.


 A aplicação que mais me chama a tenção, no entanto, é o uso dos solventes "verdes" na aplicação de pesticidas. Há muitas vantagens como: o aumento da eficiência do pesticida, grande poder de solvência, reduzem a contaminação, são biodegradáveis, não são tóxicos, entre outras vantagens técnicas.

Outras aplicações:
-Adesivos,
-Limpieza: Limpadores secos
-Extração: Descafeinização do café (substituindo o benzeno ou CH2Cl2)

No Brasil, ainda não me deparei com empresas que possuam um solvente 100% de origem renovável ou biodegradável. Algumas empresas estão trabalhando forte no sentido de diminuir a utilização de solventes orgânicos. Espero que esteja errada e que no futuro próximo tenhamos alguma oferta de solvente verde no mercado nacional.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, muitas empresas já oferecem solventes verdes no mercado. Uma delas é a SSI. Com a marca Hero , eles oferecem solventes verdes para limpeza e para a indústri de tintas. A SSI está também pesquisando e testando novos solventes verdes que podem substituir os orgânicos ou ainda os halogenados. Eles alegam ainda que seus produtos são mais competitivos que os derivados de petróleo e ainda é mais efetivo em termos sustentáveis, que poderá ser utilizado como ferramenta de marketing copm os consumidores.

Outra empresa è a Pennakem, que está na mídia e possui ligação com a ACS Green Chemistry Institute®. O instituto de Química verde é uma divisão da Sociedade Americana de Química (ACS - American Chemical Society) com a "função de catalisar e permitir implementar a química e a engenharia verde  nas empresas". Para saber mais, acesse: www.acs.org/greenchemistry

A Pennakem possui solventes verdes para aplicação na indústria farmacêutica, e vem ganhando considerável atenção. A empresa se interessou pela necessidade de solventes verdes, e decidiu fundar uma mesa redonda de produtores químicos ligada à ACS. De acordo com o site da empresa, houve uma aceleração, nos últimos anos, da substituição do derivado fóssil THF e DEE pelo derivado vegetal 2-methyltetrahydrofuran (MeTHF) na indústria farmacêutica.

Como resultado da sinergia coma  ACS, os solventes verdes da Pennakem oferecem uma diferenciação no quesito pegadas de carbono. No gráfico abaixo, pode-se perceber que o solvente verde EcoMeTHF possui baixo impacto nas emissões de CO2.

 

Pennakem’s MeTHF™ a cost-saving, low carbon solution

Ainda nos Estados unidos, outra empresa vêm se dedicando ao desenvolvimento de solventes verdes. A Vertec BioSolvents produz e comercializa diferentes bio-solventes , ou solventes verdes e outras misturas a partir de quatro ingredientes primários: lactato de etila, metil ester de ácidos graxos, d-limoneno e etanol.

Para finalizar com a novidades nos EUA, o produto Bio-Solv, embalado e distribuído sob licença da Phoenix Resins, Inc., promete ser uma verdadeira alternativa verde para solventes. Eles afirmam que este produto:
  • É 100% renovável, biodegradável e não deixa pegadas de carbono.
  • Não contém químicos que efetam a camada de ozônio
  • Não contém compostos que influenciam no aquecimento global
  • Não contém ingradientes perigosos
  • Foi desenvolvido emm parceria com a EPA , departamento de defesa ambiental do governo dos EUA. 

Já na Europa, em fevereiro deste ano, a Comissão Européia (EC) publicou um documento chamado: Inovando para o crescimento sustentável: Bioeconomia para a Europa"Innovating for Sustainable Growth: A Bioeconomy for Europe" , como parte da estratégia Européia para 2020, para promover crescimento rápido e sustentável.

Neste contexto, a Comissão Européia demandou ao Comitê Europeu de normas e padrões ( European Committee for Standardization ), que desenvolva padrões para polímeros verdes, lubrificantes, surfactantes e solventes.

A conclusão é que mesmo os países desenvolvidos então buscando desenvolver produtos verdes e consequentemente, as regras para os mesmos. Acredito que o Brasil não fica atrás no quesito regras, mas no quesito desenvolvimento de produtos, acredito que ainda temos muito a caminhar.

Fontes não indicadas nos links do texto:

 http://practica-uno.blogspot.com.br/2009/04/solventes-verdes.html

http://qsustentavel.blogspot.com/2012/08/quimica-verde-desenvolvimento-de.html

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